A verdade pela mentira!

A verdade pela mentira!

Por Raul Tartarotti

A composição de um mosaico de histórias, pode ser aprendido nas páginas de um livro bem narrado, que nos transporta ao momento da escrita do autor.

Se o livro for mal-ajambrado, e não nos levar ao fundo dos sentimentos do personagem, fica difícil ser atraente para um leitor mais crítico, que busca temáticas diferentes, sensíveis ao coração humano.

A desconstrução de uma tradição, serve como alavanca para o desenho de uma nova narrativa, descrita pelos olhos e a percepção do escritor, envolvido na trama de uma obra de arte.

Sendo orgânica, não deve ter um fio desencapado onde o personagem está escorado em outro, como naquele momento em que Pedro ao falar de Paulo, transgride sua narrativa em forma de fofoca, e passamos a conhecer mais sobre Pedro do que sobre Paulo.

O Jornalista Italiano Tomaso Debenedetti costumava transgredir a verdade em seus textos, e como descrito acima, debochava do leitor. Trabalhou entre 1994 a 2010 para jornais locais em seu país de origem e criou uma conta falsa no Twitter onde anunciava a morte de personalidades, e com simplicidade estratégica utilizou aquele espaço, imitando um perfil confiável.

Lançava seu torpedo falso, para minutos depois anunciar que tudo não passava de uma pegadinha, coisa que repetiu por 10 anos, lucrando nessa toada.

Uma delas deu errado, e ele assumiu sua jornada como “campeão da mentira”, como gosta de ser classificado. O mais incrível é que nunca foi processado por suas vítimas de seu ataque verborrágico jornalístico. O que o inspira é “dizer a verdade pela mentira” como definiu Mário Vargas Llosa.

Essas formas textuais ganharam nome atualizado de fake news, e ele escancarou as fraquezas do jornalismo com suas publicações reais e falsas, na primeira página de portais de notícias importantes.

Quando suportamos as confidências de um desconhecido, a revelação de seus segredos nos enche de assombros. Depois disso, devemos situar seus tormentos no drama ou na farsa?

Depende de nossa benevolência ou de nossa fadiga. O fraco de atenção sempre sofre mais que os outros, porque os olhos que o cuidam são cegos.

Igual a uma terra que não cuida de seus mortos, e que provavelmente está sendo governada pela morte.

Não deixe se esconder de você mesmo tão profundamente, pode ser difícil retornar ao mundo dos vivos e de suas rotinas.

Seu destino com dedos cruzados é de responsabilidade unicamente de suas mãos, as mesmas que desenharam em canetas, poesias de sua história.

Os mortos não podem modificar suas esquinas, esses já encerraram as possíveis paixões.

Quanto a você, faça valer seus dias de glória junto aos seus, assumindo decisões escolhidas a dedo. Cada letra tem sua palavra pra juntar, e essa, suas famílias, que podem mudar de ideia, eventualmente de uma só vez.

Sobre Raul Tartarotti 76 Artigos
Natural de Gramado, Raul teve formação básica em Eng. Biomédica. É cronista em diversas publicações no Brasil e exterior, impressa e eletrônica. Estudou literatura Russa, filosofia clássica e contemporânea. Suas crônicas são de cunho filosófico e social, com objetivo de trazer reflexão ao leitor sobre temas importantes de nosso cotidiano.

2 Comentários

  1. Raul, então foi esse quem começou essa desgraça que resultou nessa horda de zumbis pelas rodovias do Brasil?
    Na verdade, tem muitos jornalistas que fazem isso atualmente..
    Muito bom o seu texto.

    • Pois é Elizabeth, talvez o Tomaso tenha sido o corajoso que se entregou, mas creio que o abelheiro envenenado seja imenso.
      Abraços.

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