Canção de Carnaval

 

Canção de Carnaval – #TBT

Carnaval, festa da carne. E poetas chegam a um imenso bloco, Drummond abre alas com seu poema América. Ai entra Walt Whitman, calor, dias quentes, a chuva de verão cai abundante. Corpos quase nus nas cidades. Eu aqui Walt Whitman. E Piva dança em cima de seus garotos nus. Corpos, mulheres com seus tapas sexos, que nada esconde da luxúria carnavalesca. A morte dança seminua num carro alegórico, em forma de Xadrez. Tantos filmes, Ingmar Bergman, vi nesses dias. Ouço o mantra OM em meu celular. Gabeira diz não saber meditar, eu juro quase de joelhos que me esforço. Cantam os bardos, carnaval e minha cidade em silencio! Vida abundante nesses dias quentes, ventiladores sopram vida. Cadê o barro para fazer nascer mulheres e homens? Falo de Tantra para um amigo, ele finge não entender. Nem eu absorvi todos os segredos da vida e da morte. Tenho um hábito estranho de ler e reler capítulos inteiros de livros. Não sei o segredo de tomar nota. Gilberto Gil canta num bloco em Sampa, leio um texto mal escrito, atribuído a Arnaldo Jabor, contra o carnaval. É festa, cada um na sua, eu no silêncio de minha casa. Ingmar Bergman, para mim, escreve com as imagens e as luzes. Poeta não é só o que escreve, poeta é o artista em suas infinitas possibilidades. Mas tudo surge do Verbo, Deus é verbo. Deus é sexo. Tantos sentidos e nós na inexatidão, chove. As cidades dançam, eu em silêncio. Sempre em silêncio. Todos nos labirintos das redes sociais. Om om om!

Joka Faria

João Carlos Faria

Carnaval de 2018

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*