Conto – Morte sem rosto

MORTE SEM ROSTO

 Acordei sobressaltado… uma tempestade dantesca açoitava o mundo lá fora, seus brados trovejantes demonstravam toda a ira de Thor. Mas mesmo sob esse intenso ribombar, pude ouvir nitidamente fortes passos ecoando no corredor… passos seguidos de gritos lancinantes, gritos esses que fizeram minha pávida alma gelar.

 As emoções em meu coração travavam uma batalha campal, causando aflição em meu âmago, mas finalmente levantei, enfrentei o medo e fui até a porta. Não sei quanto tempo fiquei ali parado diante dela, com a mão na maçaneta, como que catatônico… mas depois do que me pareceu uma pequena eternidade, finalmente saí para o corredor do hotel.

 Meus olhos vitrificados fitaram então a pior cena de minha carcomida existência, num amálgama de terror e ruína, vislumbrei outros hóspedes do hotel, tombados ao chão, tão sem vida como os anjos petrificados que velam as moradas sepulcrais dos que já partiram. Mas a ruína maior notei em seguida, pois os cadáveres não possuíam mais rostos! Que crime hediondo era este? Que ser neste mundo poderia ser tão vil a este ponto?

 Meu coração parecia esmurrar o peito, quando subitamente os passos antes ouvidos voltaram a desatinar… eu tinha ciência que estavam às minhas costas, mas não conseguia me virar ou mesmo correr, paralisado que estava pelo terror que corria pelas minhas veias.

 Foi quando ouvi a respiração do assassino logo atrás de mim, senti o toque da morte sem rosto em meu ombro e gritei… gritei como nunca em minha vida havia feito antes, e então…

 Acordei sobressaltado… uma tempestade dantesca açoitava o mundo lá fora, seus brados trovejantes demonstravam toda a ira de Thor. Mas mesmo sob esse intenso ribombar, pude ouvir nitidamente fortes passos ecoando no corredor…

DALTO FIDENCIO  
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