É o fim?

É o fim?

Joka Faria – Inverno/2023

Ele estava no centro de sua cidade, quando uma imensa onda varreu, respirou fundo. Num outro momento, em seu apartamento, as ondas estavam chegando…ele iria pegar seu carro para seguir em direção a Mantiqueira. Há momentos que nem sequer respiramos nestes dias bravios de tecnologias. É o fim? Aguardamos sempre o nosso fim, mas o de uma civilização? Quantos livros sagrados já lemos. Imaginem a Mata Atlântica, a Amazônia devastada.
Ouvimos sobre o fim da humanidade desde nossa infância. Tantos atos proféticos. E descansarmos em paz diante das possibilidades do abismo? Nascemos, crescemos e quando nos olhamos nos espelhos, não somos quem imaginamos ser? A cidade está vazia de cidadãos quixotescos. Quando descemos dos ônibus no centro, tantas pessoas oferecendo de tudo nas ruas, numa sociedade vazia; estas pessoas simplesmente não existem. Celulares, cartões de banco, tantas coisas nos incomodam, somos meros consumidores. E as ondas sempre próximas diante do abismo? Não sabemos voar, não temos asas. Nem todos os portais servem para entrar. Quantas naves extraterrestres diante de nossas retinas?
A gripe veio num parque cheio de crianças numa sexta feira. A vida tornou-se uma imensa rotina sem a presença de pessoas quixotescas, brancaleones. E nunca se alcança a mentira da segurança da classe média? Tantos canais inúteis de viagens sem que nada nos acrescenta.
Ele gosta do suor nas estradas da Mantiqueira, um lugar só seu na Mantiqueira. O tempo escorre na ampulheta da vida. Nada nos diz nada, tantas informações e não somos sábios.

João Carlos Faria, Professor João.

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