El Camino a Santiago?

 

El Camino a Santiago? SQN!

 

Já fiz o caminho a Santiago, não o de Compostela, mas o do Chile. Apenas quarenta minutos de subida, foi o bastante para alcançar o silêncio e a paz.
Da cidade de Santiago a gente olha para a Cordilheira dos Andes e o desejo é estar lá em cima. Subir e conhecer cada canto e ver a beleza pura da natureza. Tenho uma atração pelas montanhas, os picos, as cordilheiras, enfim, as alturas. Já avistei ela branquinha uma vez e agora a montanha sem neve, como a da Mantiqueira, com bastante verde.
Acho que não tenho mais idade para fazer essa empreitada de subir as cordilheiras, melhor ver pela janela de uma aeronave, mas que dá vontade, isso dá.

E foi nesse desejo aliado a uma história antiga que saí de metrô da estação Salvador da Linha 1, vermelha e fui até a estação Tobalaba, onde se faz conexão com a linha 4, azul. De lá, desci na estação Grécia e caminhei até uma parada de ônibus, que é bem perto. Tem várias linhas e perguntei a um senhor qual deles passaria perto da Diagonal Las Torres, Peñalolen e ele me apontou o ônibus que estava parando, o D09. Tanto motoristas como passageiros são muito educados e sempre prontos a ajudar, por isso não tive nenhuma dificuldade para chegar.

E ao chegar na Diagonal de Las Torres, comecei a caminhada…uma subida íngreme, apenas uns 2km mais ou menos, que poderia ser feito em 15 ou 20 minutos. Levei 40 minutos para subir, parando para respirar, para filmar e fotografar e me deliciar com a visão cinematográfica daquele lugar encantador.

Eu caminhava sempre avistando ao longe, o meu destino. E qual era o meu destino? O Templo Bahá’í!

 

 

 

O Templo Bahá’í em Santiago do Chile é o primeiro da América do Sul.  Bahá´u´lláh foi quem fundou ainda na Pérsia, a fé  Bahá’í,  que se espalhou pelo mundo e possui muitos adeptos. Existem 9 templos ou casas de adoração desta fé no mundo e o mais novo deles é este de Santiago do Chile, que foi construído aos pés da Cordilheira dos Andes e recebe o mundo, desde 2016. Qualquer pessoa pode entrar e fazer a sua oração, independente da sua fé ou segmento religioso.
É uma construção imponente, grandiosa em seus 30 metros de altura e 30 metros de diâmetro. O templo é em formato de flor, que parece desabrochar em suas 9 pétalas. Feito todo em mármore, mas cada uma das pétalas tem uma parte em vidro, o que deixa lá dentro tudo muito claro com a luz do sol. Tem vários bancos para os que entram nesta casa de adoração, fazer as suas orações confortavelmente. Fiquei encantada com o altar que não tem nada. É um altar vazio e isso me lembrou meu tio, que mencionava um tal deus desconhecido. Nessas 9 aberturas, do lado de dentro, na parede, tem uma frase escrita, provavelmente dos livros da fé. São 9 frases de sabedoria, li todas, mas não lembro mais, porque não anotei.
Ao entrar no templo, ganhei um pequeno livro de orações, que li sentada em meio a um profundo silêncio e paz. E pedi mais dois na saída, um deles especialmente para Edson Souza, que em meados dos anos 80, foi agraciado com um certificado dado pelos Bahá’i. Edson foi considerado um colaborador da Paz Mundial, com a sua música “Canção da Paz” e o seu nome enviado a ONU. O Edson sempre se orgulha disso e ficou muito emocionado ao receber o livro de orações como presente.
Este foi o passeio mais emblemático que fiz e que nunca vou esquecer, enquanto viver. Chegar aos pés da Cordilheira foi o ápice dos meus desejos mais secretos, que são muitos e um deles, o de chegar ao Pacífico, realizado com sucesso ao ir à Viña del Mar; e este, de estar bem pertinho da Cordilheira dos Andes. E fechando os olhos, senti o voo do Condor e o barulho de suas asas ao vento, cortando o espaço. O vento, ah, o vento, cantando lindas canções e me contando velhas histórias que certeza, vivi por aqui. Encostar-se na Cordilheira foi como encostar em mim mesma e na minha história, mesmo aquela que não consigo lembrar, porque se perdeu no tempo e no espaço. Os resquícios batem em meus ouvidos quando o vento uiva e canta, tentando me fazer lembrar de tudo. Meu amigo vento, vim até aqui para ouvir suas canções ao contar a minha própria história desconhecida. Ele cantava e contava e eu ouvia fascinada.

Elizabeth de Souza

encontrando a si mesma numa subida íngreme

Outubro/22

Obs: Ao colocar alguns links com informações para quem lê o texto, num dos vídeos, a moça diz que já foi construído outro templo na América do Sul, na Colômbia (coincidência ou não, é o meu próximo destino).

 

 

 

 

 

 

Para saber mais:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_adora%C3%A7%C3%A3o_bah%C3%A1’%C3%AD

https://registro.templo.bahai.cl/

https://sousastour.com/templo-bahai-santiago-do-chile-um-local-de-paz-e-tranquilidade/

https://viagenspelomundo.com.br/templo-bahai-santiago/

https://www.youtube.com/watch?v=ITNiu7ugvoo

Sobre Elizabeth Souza 397 Artigos
Elizabeth de Souza é coordenadora e editora do Portal Entrementes....

8 Comentários

  1. Paz, coração, me faz lembrar da disputa eleitoral. De um lado o ódio dos bolsonaristas e do outro o símbolo do Lula que é a liberdade. E o coração. Lula é o candidato que mais representa nossa latinidade. Viva Entrementes sempre fiel à arte e a poesia que nos move.

  2. Paz, coração, me faz lembrar da disputa eleitoral. De um lado o ódio dos bolsonaristas e do outro o símbolo do Lula que é a liberdade. E o coração. Lula é o candidato que mais representa nossa latinidade. Viva Entrementes sempre fiel à arte e a poesia que nos salva.

    • Sim, mais do que nunca precisamos de paz em nosso país. E o Lula representa esse lado da paz e do amor. Chega de ódio, violência e ignorância, não dá mais.
      Abraço!

    • Sim Q, é um lugar incrível e ficar pertinho da Cordilheira dos Ande é deslumbrante. Um dia podemos ir lá. Abraço!

  3. Obrigada João!
    O caminho que fiz realmente foi poético, o cenário, o tempo e o momento intenso que foi.
    Abração!

  4. Que lindo relato Beth. Que experiência mística!
    Você já pode proclamar como Neruda: “Confeso que he vivido”.

    Um abraço fraterno.

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