Eles estão lá fora.

 

Eles estão lá fora

Por Milton T. Mendonça

Eles estão lá fora caluniando. Não se cansam. Levantam às 7h todos os dias diligentemente. São trabalhadores, tementes a Deus e pagam seus impostos. Mas estão lá fora caluniando, difamando, e tentando destruir a vida daqueles que vivem. De todos que ousam sair do quarteirão onde ancoram suas vidas mesquinhas e não saem para nada. Sentem medo. Tomaram posse do pequeno espaço entre uma rua e outra e ali ficam observando a vida daqueles que passam. Imaginam-se guardiões dos bons costumes, seres altamente espiritualizados na feroz disputa para salvar as almas que vagueiam no limbo.

Eles estão lá fora. Como crianças pré-escolares desconhecem as leis. Nada sabem sobre a constituição do país. São velhos-crianças perdidos em sonhos juvenis. Seres de fábulas: Peter pans e cinderelas agonizantes. Garotos perdidos e meninas carentes esquecidos  de acordar…de despertar.

Eles estão lá fora. O mundo mudou. O século nem é mais o mesmo, mas eles continuam lá. Seres imbecilizados pela inveja, pela ganância de possuir o que não lhes pertencem. Persistem sem se dar conta que o mundo mudou. Que o mundo agora é mais esclarecido.

Os heróis dos novos tempos são mais humanos, tem mais dimensões do que as duas de outras épocas. Mas eles não sabem de nada disso. Estão perdidos em seu sono de preguiça. Seu sono de inveja. Seu sono de ganância.

Eles estão lá fora. Eles buscam por nós que ouvimos e acreditamos sem provas. Busca por você que descuidado caminha pela rua sem se dar conta que a idade não é prova de idoneidade. A idade em algumas pessoas é apenas o passar do tempo. Tempo mal passado. De um tempo mal aproveitado. Apenas tempo…

Eles estão lá fora. Preste atenção. Eles estão lá fora…E os seus deuses estão mortos.

 

Sobre Quênia Lalita 434 Artigos
Quênia Lalita escreve poesia. É ilustradora, tradutora e faz revisão de textos. E mora em São José dos Campos, SP

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