Entrevista com Elaine Araújo Brito – ConVersa e Prosa

ConVersa e Prosa

Bruno Cena Macedo entrevista a escritora Elaine Araújo Brito 

 

Biografia:

*Elaine Araújo Brito*

Elaine é carioca, aquariana, administradora, revisora literária, escritora por vocação. Em 2021, lançou dois livros de contos; em 2022, estreia como autora de romance. O livro “Porque éramos nós” acaba de chegar à Amazon e está concorrendo ao 7º prêmio Kindle de Literatura. Seus textos também estão espalhados por antologias, coletâneas e revistas literárias. É uma das coordenadoras do Coletivo Escreviventes, mantém um perfil literário no Instagram, uma página de contos e crônicas no Medium, é colaboradora da Revista Mormaço.

 

 

 

Entrevista

(Bruno Macedo) – Como funciona o seu processo criativo? O que te motiva a escrever?
(Elaine Brito) – Costumo brincar que meu processo criativo é um tanto caótico, principalmente se comparado ao que a gente aprende que é o certo a fazer (e que facilita a vida da escritora!). Sou administradora e muito organizada nas outras etapas da minha vida, mas em se tratando da escrita, frequentemente sou mais intuitiva que metódica. Antes de escrever um texto, costumo ter em mente o início e o final da história, e essas são as fases que primeiro vão para o papel. Percebi que sabendo como a história termina, desenvolvê-la torna-se “mais fácil” para mim.
Escrevo todos os dias, às vezes apenas cenas soltas, alguma situação que vi na rua ou alguém me contou, ideias que serão desenvolvidas depois etc. Tenho sempre um caderno à mão ou o bloco de notas do celular, que vive lotado. Escrevo sobre gente, então, quase tudo gera gatilho e motivação. Gente fornece material infinito para uma escritora de dramas humanos!

(Bruno Macedo) – Quais autores que são para ti referências?
(Elaine Brito) – Sou fã assumida de Clarice Lispector. Mas sou também uma leitora voraz desde muito jovem, assim, consigo beber em várias fontes. Li quase tudo de Lygia Fagundes Telles, Eça de Queiroz, Machado de Assis. Muito de Cora Coralina (amo a doçura de suas palavras). Entre as mais contemporâneas, Maria Valeria Rezende foi um achado! Elena Ferrante tem uma escrita rápida e intrigante, gosto demais. A lista é grande.
(Não posso deixar de citar Gabriel Garcia Marquez; o livro “O amor nos tempos do cólera” é um dos meus preferidos, reli várias vezes. A frase do Gabo, dita numa entrevista “Por mais que eu disfarce, todas as minhas obras são sobre o amor”, ficou marcada comigo. Identifico-me!)

(Bruno Macedo) – Como você enxerga o mercado editorial brasileiro e a publicação de um livro na atualidade?
(Elaine Brito) – Gosto de ver o copo “meio cheio”. Sou uma otimista por natureza, embora com os pés no chão. Hoje temos opções mais viáveis que tempos atrás, quando todo escritor dependia de uma editora. Vejo a auto publicação como um caminho viável, não fácil, mas possível. Claro que é preciso ter cuidado, estudar bastante, entender o mercado para evitar as “armadilhas”.
Vender o livro é a parte mais difícil do nosso trabalho de escrita e temos muitas barreiras para transpor. A literatura brasileira contemporânea ainda é vista com “desconfiança” por parte do grande público, a concorrência com os estrangeiros é grande e ingrata, mas acredito que temos conseguido abrir o caminho com um passo por vez. As iniciativas coletivas são essenciais para alcançar a visibilidade que precisamos; para dizer a um número maior de leitores: “Ei, estou aqui, escrevi um livro legal, leia…”.

(Bruno Macedo) – Comente um pouco sobre tuas publicações e sobre projetos que estejas preparando para o futuro.
(Elaine Brito) – Escrevi a minha vida inteira, mas engavetava tudo. Apenas em 2020 resolvi me “assumir” como a escritora que eu era. Foi nesse ano que fiz meu primeiro projeto sério, para que o meu livro não fosse um sonho, mas um trabalho consistente, de qualidade. Lancei “Mero Acaso”, de contos, em junho de 2021. Foi uma produção independente, disponibilizado pela Amazon e Bok2 (plataforma de impressão sob demanda). Vendeu bem, para uma primeira experiência. Vende ainda, um ano depois. Naquele mesmo ano, enviei um segundo original para a Editora Caravana e foi aceito. Ali eu vi que não tinha mais volta! Publiquei “Em meu nome”, outro livro de contos, dessa vez apenas com protagonistas femininas, numa editora tradicional, acompanhei o processo de produção, as vendas. Dois livros no mesmo ano! Nunca me esquecerei da emoção que senti.
Agora, acabo de lançar meu primeiro romance. Essa história teve início em 2016, durante muito tempo ficou guardada. Em dezembro de 2020, voltei e terminei o livro. Daí comecei o processo de reescrita, que durou até 2022. Em julho, ele estava “pronto”. Revisado, criticado, revisado de novo… O título “Porque éramos nós” foi para a Amazon em 26/08, está concorrendo ao prêmio Kindle. É uma história de amor que envolve traumas, traição, arrependimentos, escolhas… é um livro intenso, maduro, que fiquei muito orgulhosa de ter escrito. Quem aprecia enredos que envolvem dramas familiares, assuntos controversos e quebra estereótipos, vai gostar.

Sinopse de Porque éramos nós

Um casal apaixonado. Dois casamentos infelizes. Um trauma de infância difícil de superar.
Julia e Gustavo se conheceram no portão da escola de suas filhas adolescentes. De pais apressados, tornaram-se amigos. De amigos, descobriram-se apaixonados. Namorados. Amantes…
Aquele era o amor de uma vida, mas havia um marido. Uma esposa. As crianças. Nós apertados que não se desatam com facilidade.
O que fazer diante do inevitável?
“Nós dois éramos casados. Não um com o outro — quem dera, pensei tantas vezes, enquanto o desejo de mudar minha vida inteira por ela me consumia uma noite insone após outra”.
“Eu o amava como ninguém deveria amar outra pessoa. Ou como todo mundo deveria amar outra pessoa”.

Porque éramos nós é mais que uma história de amor proibido.
Com personagens que revelam camadas profundas — e traumas trazidos à tona, expectativas e medo do futuro a cada decisão que exige outra e mais uma… num encadear de consequências impossíveis de prever.
Não há mocinhos ou vilões, apenas pessoas tentando encontrar paz e alguma felicidade. Iguais a todo mundo.
Uma narrativa contemporânea romântica e intensa, capaz de quebrar com os velhos padrões de certo e errado, em especial, quanto ao julgamento das mulheres.

 

 

2 Comentários

  1. Estou amando esse romance, e ainda estou no início. Mal posso esperar o desenrolar da história.
    Parabéns

  2. Parabéns pela entrevista, Bruno!
    Excelente escolha, porque a Elaine escreve muito bem. No momento, estou lendo o “Porque éramos nós”, estou gostando muito.
    Que venham mais entrevistas….
    Grande abraço Bruno!

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