Luiza Castro – Escritora e poeta.

Luiza Castro – Escritora e poeta.

Nordestina, nascida  em Teresina, Piauí.  Graduada em Letras-Português pela Universidade Federal do Piauí. Iniciou a participação literária em antologias, no período da pandemia, 2020. Tendo sua primeira publicação na antologia “Qualquer Lugar em Casa”, em seguida nas antologias 100 anos de Clarice e Encontros Mentais (como autora convidada), sendo todas estas pela Selo Editorial independente. Logo depois, teve participação na Antologia Internacional Mulheres Poetas (2021) pela editora Mente Aberta. “Louvação” foi a mais recente antologia a qual participou, pela Academia de Letras de Teresina. Em meados de 2021, lançou seu primeiro livro de poesias “ Letras do Tempo “.

 

Poemas

Ciranda do agressor

No primeiro dia

 Ele te canta,

Te afaga, te cobre de beijos;

Te satisfaz os desejos,

E você se encanta!

No segundo dia

Te promete ser fiel,

Em teu dedo põe um anel.

Você julga estar no céu,

E por ele se desmancha!

No terceiro dia

Volta tarde, de outra cama,

Não te dá satisfação,

E quando você reclama,

Te enche de palavrão!

Finda teu sonho de outrora,

E você… chora!

No quarto dia

Ele te traz flores,

Te leva para sair…

E quando você sorrir,

Supõe que o estar a trair.

Pelos cabelos te arrasta,

Te enche de porrada

E você não diz nada.

No quinto dia

Tomado de culpa,

Te pede desculpas.

Te cuida as feridas,

Diz que é o amor da sua vida!

Que dali pra frente,

Tudo será diferente.

E embora machucada,

Se julgando muito amada,

Aceita e não faz nada.

No sexto dia

Chega irado em casa,

E num acesso de raiva

Diz que você não presta!

Te tampa a boca,

Te abre a testa;

Te chuta, te esmaga,

No chão te joga

E o sangue jorra…

E ali, estática,

Já não diz nada.

No sétimo dia,

Que expressão de sofrimento,

Ele é todo arrependimento!

A melhor roupa vestiu,

Nem parece aquele homem hostil.

Buquê de flores nas mãos,

de joelhos te pede perdão

e diz que pra sempre irá te amar.

Você já não pode falar,

E tudo o mais não importa

Agora que já está morta!

………………………………….

Tua Calma

Quero te ver novamente

sentir os teus lábios úmidos

beijarem o meu corpo quente.

Quero sentir arrepios

Na nuca, na pele toda,

quero beijar tua boca

sentindo-te lentamente.

Quero te ter novamente

na cama, na chuva, na rua,

no sol, no mar, no luar…

realizar teu desejo

de não esquecer meu beijo,

ser tua em qualquer lugar.

Serei teu corpo e tua mente,

teu turbilhão, tua alma

serei teu amor, ardente

e também serei tua calma!

 

Entrevista

 

(Bruno Cena Macedo) Como funciona o seu processo criativo? O que te motiva a escrever?

(Luiza Castro) A minha motivação para a escrita é a vida, como ela acontece ou pelo menos como eu a vejo.  Quando eu escrevo tenho uma sensação de libertação e ao mesmo tempo de esclarecimento, muito do que sinto ou do que suponho que o outro sente pode se revelar ou se ocultar nas entrelinhas da minha escrita. Não tenho o hábito da escrita diária, mas tenho a sensibilidade de enxergar pela lente do outro, de sentir o que não vivi e transmitir isso em forma de versos ou prosa. O sentimento é o que me move.

(Bruno Cena Macedo) Quais são os autores que são para ti referências?

(Luiza Castro) Desde criança gostava muito da leitura, mas a poesia começou a me tocar de uma forma diferente, com paixão. Me deparei muito cedo com “a casa”, “o pato” de Vinícius de Moraes e daí por diante com Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Fernando Pessoa, Mário Quintana, Florbela Espanca, entre tantos outros.

 

(Bruno Cena Macedo) Como você enxerga o mercado editorial brasileiro e a publicação de um livro na atualidade?

Disseminar a cultura nunca foi fácil, a literatura ganhou um espaço muito significativo no período da pandemia, creio que nunca se leu tanto. Houve uma explosão por assim dizer de Selos editoriais, prontos para suprir a demanda de tantos escritores que decidiram trazer á luz seus escritos e embora com a internet, o acesso as editoras tenha se tornado mais fácil, o mesmo não se pode dizer da publicação de um livro. Ainda estamos em tempos onde o próprio autor (iniciante) tem que arcar com as despesas de editoração e produção do seu livro, divulgação e venda. Não é um movimento fácil e muitos projetos naufragam já no envio dos originais, alguns sem respostas e outros com orçamentos exorbitantes. Ser escritor no Brasil é um ato de coragem e sobretudo de resistência e persistência.

(Bruno Cena Macedo) Comente um pouco sobre tuas publicações e sobre projetos que estejas preparando para o futuro. 

Iniciei com antologias, a primeira delas foi uma participação na Antologia Qualquer Lugar em Casa, cujo tema remetia ao período da pandemia. Em seguida, publiquei também na antologia 100 anos de Clarice, em homenagem ao centenário de nascimento de Clarice Lispector. Ainda em 2020, participei como Escritora Convidada da antologia Encontros Mentais, que aborda experiências mais espiritualizadas por assim dizer, aquelas que a lógica não consegue explicar. Em 2021 publiquei meu primeiro livro de poesias Letras do Tempo e no mesmo ano fui honrada com o convite para escrever a apresentação do livro Moinho, do Poeta Bruno Cena Macedo. Participei ainda da Antologia Internacional Mulheres Poetas pela editora Mente Aberta e antologia Louvação, esta última pela Academia de Letras de Teresina.

Futuramente pretendo lançar um romance, com título provisório de “O diário tardio de Lígia Castelli” e um outro livro de poesias, com uma temática social, voltado para o universo feminino. Ambos aguardando uma oportunidade de emergir e ganharem o mundo.

5 Comentários

  1. Bruno, bem vindo a equipe de colunistas do Entrementes. É um prazer imenso tê-lo conosco, tenho certeza que será frutífero e interessante. E já começa com esta bela entrevista com a escritora e Poeta Luiza Castro, que é do Piauí. Vejo que Piauí é um celeiro de grandes poetas, tive o prazer de conhecer algumas obras desses artistas de Teresina, maravilhosos.
    Amo os poetas piauienses!
    Grande abraço!

    • Querida, Beth!
      Agradeço à acolhida, que esta coluna de entrevistas possa reder vários likes e divulgar o trabalho de muitos escritores brasileiros.

  2. A poesia de Luiza é forte e contundente, gostei muito!
    Ao ler a “Ciranda do Agressor” fiquei chocada com essa trajetória que realmente acontece na realidade, pessoas com distúrbios de personalidade que agridem as mulheres. Um final agoniante.

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