Mercado Municipal: 100 anos de Encontros & Vivências


Mercado Municipal: 100 anos de Encontros & Vivências,de Rosa Ester Quadros e Instituto Ecocultura.

Em 2023 comemoramos cem anos da inauguração do prédio do Mercado Municipal de São José dos Campos. Para celebrar a data, o Instituto Ecocultura de Educação Patrimonial, lançou o Álbum Comemorativo Mercado Municipal: 100 anos de Encontros & Vivências, registrando algumas histórias que integram o vasto e coletivo acervo memorial do centenário Mercadão. O lançamento contou com distribuição gratuita de exemplares, no último dia 22 de julho, no Museu de Arte Sacra.

A obra é uma antologia das narrativas dos comerciantes, através de Rosa Ester e retoma, como ela mesma diz, “o tempo da caderneta quando, em cada compra, confiante, o proprietário anotava as despesas do freguês que eram quitadas só no final do mês, quando confiança era mútua entre cliente e proprietário”.

Rosa Ester Quadros, assistente social, pós-graduada em gerontologia social e família, tem como interesse as memórias e tradições culturais. Para a autora, que é joseense, o mercadão, que é, sobretudo, um espaço de convivência, é um acervo repleto. Desde sua monografia, em 2007, o tem como fonte. Na ocasião, Rosa deslumbrou-se com o universo e a mundividência particular das famílias comerciantes. Ela justifica a relevância do projeto na existência e resistência do mercadão, patrimônio histórico, quanto construto humano que é.

“Tabacaria do Roque, desde 1921, Diego da Silva

No Mercado Municipal de São José dos Campos, a Tabacaria do Roque nem precisa fazer anúncio de seus produtos, como Sivuca canta no forró ‘Feira de Mangaio’: fumo de rolo, arreio de cangalha, eu tenho para vender quem quer comprar¿ Trata-se de um dos comércios mais tradicionais do local, já na terceira geração, e que há quase cem anos exala naquele ambiente o aroma característico do clima da roça

Tudo começou com o meu avô, Chico Penha, conta o atual responsável pela tabacaria Diego da Silva. Segundo ele, o pioneiro no ramo de fumo de corda, palha e pito morava vizinho ao Mercado, na Vila Maria. Em sua homenagem, conta Diego, uma passarela do Mercado leva o nome do Chico Penha depois dele o filho e o Neto continuaram tocando o negócio.”

A cultura é intrínseca ao território, ao espaço físico. Não há cultura sem território, é o que ensina na modernidade, Foucault, Darcy Ribeiro, Lélia Gonzales, Milton Santos, Marilena Chauí, Arjun Appadurai, dentre tantos filósofos, antropólogos, historiadores… mas que as sociedades mais antigas, os povos indígenas e quilombolas, trazem em suas raízes e que inclusive, arma a luta contra o Marco Temporal.

A obra de Rosa Ester é tão oportuna e necessária, quanto a celebração dos cem anos do nosso Mercado Municipal. São tantos causos, há tanto afeto… É um grande êxito pra sociedade a publicação deste que é um construto de vida, o registro de gerações, fruto da memória afetiva e social. Êxito porque é a voz expressa do povo, da força do afeto. O que deve ser considerado ante o interesse de tornar o mercadão um shopping.

Mercado Municipal: 100 anos de Encontros & Vivencias, é uma realização do Instituto Ecocultura, com pesquisa e redação de Rosa Ester Guimaraes de Quadros, produção e revisão de Pércila Márcia da Silva, projeto gráfico de Elisa Moura, fotografia de Paulo Amaral e comunicação de Erick Pereira e Carvalho (Mandú). Este conjunto de ações faz parte do projeto nº 058/FMC/2022, Mercado Municipal: 100 anos de Encontros & Vivências, aprovado no Fundo Municipal de Cultura de São José dos Campos.

Ao final, o projeto nos incita a perceber o quão valioso é dar vez e voz ao povo, o quão valorosa é nossa memória, patrimônio imaterial, para além dos valores dos cifrões, do lucro, como calculam muitos gestores públicos por aí, nossa história e nossa cultura possuem um valor tão inestimável quanto a própria vida, já que sem estes elementos, que constituem nossa identidade, não podemos nos expressar e sonhar.

Foto de Paulo Amaral


Sobre o Instituto Ecocultura:

Associação cultural, sem fins lucrativos, criada em 2009 por um grupo de profissionais ligados a diferentes áreas do conhecimento. Número atual de associados: 12 Desenvolve projetos voltados para a preservação, valorização e difusão de bens culturais que constituem o patrimônio brasileiro, em sua diversidade de expressões – tangíveis e intangíveis. Tem como objetivo identificar e propor soluções sustentáveis e inovadoras na busca do desenvolvimento local e da promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais. Seu foco é o desenvolvimento de ferramentas de gestão patrimonial, a partir do potencial criativo das comunidades envolvidas, que auxiliem no processo de conscientização dos direitos culturais. Busca sensibilizar e mobilizar diferentes atores sociais para o reconhecimento de referências culturais que conferem valor identitário aos seus portadores e que constituem a memória social, ampliando o conceito de patrimônio.

Premiações:

PREMIAÇÃO EDITAL ProAC 13 – SEC/SP (2010)

PREMIAÇÃO EDITAL ProAC 18 – SEC/SP (2011)

PREMIAÇÃO EDITAL ECONOMIA CRIATIVA – MinC (2012)

PREMIAÇÃO EDITAL PONTOS DE CULTURA DE SJCAMPOS – FCCR (2016)

PREMIAÇÃO DE INICIATIVAS DA “REDE DE PONTOS DE CULTURA DA POLÍTICA NACIONAL DE CULTURA VIVA NO ESTADO DE SÃO PAULO” EDITAL DE SELEÇÃO Nº 49 (2018)

PREMIAÇÃO EDITAL DE SELEÇÃO PÚBLICA N.º 01, de 21 DE JUNHO DE 2019 CULTURAS POPULARES: EDIÇÃO TEIXEIRINHA (2019)

PREMIAÇÃO EDITAL Nº 016/2020 MESTRES, MESTRAS E COLETIVOS DA CULTURA POPULAR E TRADICIONAL (2020)

EDITAL Nº 010/SUBSIDIO Nº 001/2020 Espaços Artísticos e Culturais (2020)

 

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“Por mais que nos sintamos tentados a representação da totalidade do que quer que seja, essa ação jamais será total, posto que ao interpretante cabe suas inferências”

 

George Furlan
Jornalista: 0083121/SP

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