O Ego e o Outro

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O Ego e o Outro

Foi estimulante acordar bem cedo nesta sexta-feira de junho. Ao abrir a janela, um sol radiante me transmitiu a sensação de que ainda há muita vida neste planeta azul. A vida há de continuar, apesar de tudo e de todos. E até sem todos…

Depois do cafezinho, uma reflexão. O que sobrevirá ao Covid-19? Ou, para não ser pessimista, como serão as coisas depois da pandemia? Como ficarão a saúde, a economia, a ciência, as relações humanas, a espiritualidade? É um tema com múltiplas vertentes.

Quando essa tempestade passar (quando?), que pessoas seremos? As mesmas? Estou falando de sentimentos.

A quarentena nos atordoa porque nos isola dos outros. O isolamento gera angústia em muitas pessoas. Ah, mas temos outras formas de comunicação! Facebook, celulares, e-mails, telefone, seja lá o que for, nada substitui o contato presencial. Não há tecnologia capaz de suprir nossa necessidade de olhar diretamente nos olhos, de ouvir, de sentir a vibração do outro. Paradoxalmente, esse excesso de tecnologia acentua ainda mais a nossa solidão. O outro faz parte das nossas relações. Mais do que isso, amigos, colegas de trabalho, conhecidos, familiares, fazem parte da nossa vida. Laços a que muitas vezes, ou costumeiramente, damos uma atenção superficial.

 Nossa vida é feita de contatos rápidos, geralmente para saber quais são as novidades. Vivemos ocupados demais com nossa rotina e problemas particulares. Os outros também lutam com suas angústias e às vezes  procuram ajuda simplesmente na forma de escuta. Pedem nada mais que alguns minutos de atenção para que ouçamos o que têm a dizer. Orientação. Desabafo. Pranto. Pode ser tudo isso, ou nada disso. Às vezes apenas ouvir nossa voz, sentir nossa presença. Talvez, mesmo que inconscientemente, querem um pouco de compaixão.

Muitos necessitam de ajuda. Agora, mais do que nunca, porque a pandemia nos coloca diante de uma brutal incerteza quanto ao presente e ao futuro. Há aqueles que em suas reflexões questionam o sentido de suas vidas antes da pandemia. E depois, suas vidas farão sentido?

Um aspecto nobre desse momento é que ele nos faz sentir falta do outro, seja lá quem for. Talvez percebamos que  dar sentido às nossas vidas é estar ligado a alguma coisa além do nosso próprio ego. Quem sabe  a experiência de ligação com uma realidade maior, que nos faça sentido ou  aponte um novo rumo. Essa realidade maior pode assumir muitos significados. Mas, com certeza, ela essencialmente inclui o outro, ou os outros.

 Por Gilberto Silos

Sobre Gilberto Silos 191 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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