O Leopardo e estes dias de verão

 

O Leopardo e estes dias de verão

Um verão esquisito,  nestes primeiros dias do ano novo. Meio calorento, meio úmido. Modorrento. Tanta coisa acontecendo e a impressão é de nada acontecer de fato. Essa minha impaciência, que talvez também seja de muita gente, é por mudanças. O que mudará efetivamente em 2023?                                                                                                Há uma expectativa de mudanças pela troca de plantão na governança do Palácio do Planalto. Será? Penso sempre naquela frase/reflexão de Giuseppe di Lampedusa no seu famoso romance “O Leopardo”: “É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique como está”. Vale a pena ver o filme homônimo, baseado nesse romance, lançado em 1963. Eu o assisti em São Paulo, em 1964, no Cine Paissandu complemente lotado, e um fila gigantesca aguardando a sessão seguinte. Outros tempos…  

Considerado a obra prima do cineasta italiano Luchino Visconti, O Leopardo traz em seu elenco uma verdadeira constelação: Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale, no auge de sua beleza. A crítica que se lhe faz é de ser um pouco longo. Mas foi um sucesso.

Em resumo, sua narrativa aborda a revolução ocorrida em meados do século XIX, quando da unificação da Itália. Contextualiza a queda da nobreza e a ascensão da burguesia naquele país. A frase acima é do príncipe Salinas (interpretado por Burt Lancaster), o grande protagonista da história, quando alguém, extremamente preocupado, lhe informa que há uma revolução em curso. A essa angústia ele responde com a frase, dando a entender que o resultado da revolução seria uma troca de pessoas no poder, porém as estruturas sociais se manteriam. 

Uma narrativa atemporal, mas gostaria que não se aplicasse ao Brasil, onde há necessidade de mudanças estruturais de fato. Desculpem-me os leitores pelo ceticismo. Nesse sentimento não estou sozinho. Machado de Assis afirmou que “quando ficava de boca aberta diante de um fato extraordinário, recorria ao Eclesiastes para saber que nada é novo debaixo do sol”. 

Por Gilberto Silos

Sobre Gilberto Silos 229 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

1 Comentário

  1. Perfeito esse ar de algo de novo no ar, mas nada irá acontecer está no meus sentimentos. Parabéns Gilberto

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