O que os mitos querem dizer

Wagner – Parsifal, ato III – Parsifal, Kundry e Gurnemanz entrando no castelo. commons.wikimedia.org

Max Heindel, místico cristão, afirmou que os mitos foram um recurso utilizado pelas Hierarquias Divinas para ensinar a humanidade nos  primórdios de sua evolução.

Mito, do grego mythos, quer dizer relato. É um relato em linguagem simbólica, capaz de projetar arquétipos de verdades espirituais na consciência humana.

Em sua obra O MISTÉRIO DAS GRANDES ÓPERAS, Heindel revela o significado oculto de vários mitos surgidos no norte  da Europa. Alguns deles inspiraram Richard Wagner a compor suas melhores óperas.

Nas civilizações mais antigas, os mitos confundem-se com as próprias religiões. Todas as religiões mediterrâneas e asiáticas possuem sua mitologia. A Bíblia, tal como outros livros sagrados, não foge à regra.

Os mitos contam histórias sagradas, fatos ocorridos em tempos imemoriais. Relatam como graças aos Seres Sobrenaturais uma realidade passou a existir, como algo começou a ser. É, geralmente, uma narrativa de uma criação, seja ela do Cosmos, seja de uma cultura, de uma nação ou de um comportamento. Explicam não só a origem do mundo, dos animais, das plantas e da humanidade, mas também dos  acontecimentos por meio dos quais o homem converteu-se no que ele é hoje.

Madona e Isis

Como os mitos transmitem arquétipos de verdades cósmicas, é comum encontrarmos o mesmo relato em  civilizações e religiões que se desenvolveram em épocas e locais diferentes. É o caso da Sagrada Família. O mesmo enredo da história cristã de Maria, José e Jesus se repete em tempos  distintos. Na antiga religião egípcia fala-se do Salvador, o deus-sol Horus, filho de Isis (uma virgem) e Osiris. No norte da Europa, Baldur, filho da virgem Freya, nasce no meio de animais, numa estrebaria, sendo conduzido às montanhas para fugir dos perigos que o ameaçavam. Saga idêntica é a de Krishna, na Índia e Quetzacol entre os astecas, na América pré-colombiana.

São muito comuns, também, entre várias civilizações, os mitos do “fim do mundo”.  A Bíblia fala de Noé e de como ele sobreviveu ao Dilúvio. Em outras culturas o mundo foi destruído por um cataclismo e a humanidade aniquilada, com exceção de um casal ou de alguns sobreviventes. Esses mitos transmitem a ideia de que o mundo e o homem devem recriar-se e regenerar-se ciclicamente. Mostram o final de um ciclo, já exaurido em suas possibilidades evolutivas e o início de um novo, com lições inéditas para a humanidade. Essa ideia de que o Cosmos encontra-se ameaçado se não for renovado inspirava a principal festividade dos índios californianos.

A função do mito é de revelar arquétipos, dando significado ao mundo e à existência humana, mostrando também a  sacralidade de todas as coisas.

 

Sobre Gilberto Silos 192 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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