O Verdadeiro Sítio do Pica Pau Amarelo

 

 Dalto Fidencio entrevista Dona Maria Lúcia do Verdadeiro Sítio do Pica Pau Amarelo que fica nos arredores da bucólica cidade de Monteiro Lobato. (A entrevista foi feita em 2010) #TBT

 

Bem-vindos ao verdadeiro Sítio do Pìca-Pau Amarelo!

“Verdadeiro”? Mas como assim?

Sim, é isto mesmo que vocês estão lendo… estejam preparados para deixar cair por terra um dos “fatos” que a grande mídia prega, pelo menos, na visão de Dona Maria Lúcia, proprietária daquele que seria o verdadeiro Sítio, fonte da inspiração de um dos maiores ícones da literatura brasileira e mundial, ninguém menos que Monteiro Lobato.

Apesar de ainda não terem sido encontradas provas documentais, basta um breve passeio pelo local para se notar que, diferentemente do Sítio mais famoso (que na verdade é um parque), este sim é fiel às descrições feitas por Lobato em seus livros. Estão lá o casarão do século XIX, a flora e a fauna, e até o famoso Reino das Águas Claras, materializado numa queda-d’água onde gotas desatinam de mãos dadas com a Poesia.

Monteiro teria morado por sete anos neste local, situado hoje no município de Monteiro Lobato, nas cercanias de São José dos Campos e Caçapava, mas que na época, pertencia ao município de Taubaté.

De bucólica beleza, o local é mantenedor de uma aura diferente, de uma cultura quase palpável. É emocionante percorrer caminhos que dantes teriam sido o passeio de Lobato, respirar do mesmo habitat que fomentou o talento do gênio a escrever seus três primeiros livros.

E tudo isto pode ser visitado! O Sítio é aberto ao público todos os dias, das 9h às 17h, onde o visitante dispõe de “Um dia no Sítio”, que engloba um banquete poético, terapia em grupo, terceira trilha (terapia para terceira idade), além de eventos culturais. Com almoço incluso, o passeio fica em 35 reais.

Recomendo com veemência que a visita seja feita, pois estar diante de um pedaço vivo de nossa cultura não tem preço, ainda mais para uma população que convive há décadas com uma pseudo-obra televisiva de Lobato, que não é sequer um mero rascunho de sua verdadeira obra, argêntea em cada linha de seus livro.

Desligue a televisão e vá ler Monteiro Lobato!

Desligue a televisão e venha visitar Monteiro Lobato…

Dalto Fidencio

Nessa viagem ao verdadeiro sítio do Pica Pau amarelo o colunista Paulo Vinheiro e sua esposa acompanhou a equipe do Entrementes e escreveu esse texto abaixo:

 

Subverso

Por Paulovinheiro

Parabéns, a educação no Brasil melhorou, porém segundo um desses órgãos que tem vínculos com a ONU é ainda humilhante para o brasileiro saber em que lugar do ranking ele está.

Nossa pátria é a Canaã do mundo, aqui o leite e o mel fluem constantemente. Leite é prata, e mel é ouro. Só falta educação e cultura para saber o que fazer com estas e outras riquezas. Nossa pátria é a mais rica do planeta. Aqui temos tudo, de tudo.

Há outros tipos de riquezas. Aqui apenas falarei de uma delas, Monteiro Lobato, o homem e sua obra.

Hoje estive com amigos no Sítio do Pica Pau Amarelo, em Monteiro Lobato, a cidade. Pude experimentar algo que só sabe quem passa por lá.

Confesso que não li Lobato quanto deveria tê-lo feito, principalmente no momento certo, mais jovem. Também confesso que o leio nestes tempos da maturidade. É surpreendente. Não tão surpreendente pela forma polida e rica que se utiliza em seus textos adultos. Sim por que, depois de tanto tempo, bombardeado pela mídia com subprodutos e textos que ele nunca escreveu, e que aparecem em profusão, a gente perde o referencial.

A superficialização global dos temas da Obra, se é que me entendem, causou alguns danos profundos em muitas gerações, talvez irrecuperáveis.

Sua Obra não é mostrada na televisão. Infelizmente aquilo que é ou foi mostrado nos últimos quarenta anos está deformado, assim o sentido que o autor deu à obra infantil também ficou deformado.

Serei eu mais um a falar que ele estava há anos luz de seu tempo-espaço. Ele escreveu pra formação do pensamento que bole com a criatividade de gerações.

A televisão, infelizmente é utilizada apenas pra entreter, portanto não satisfaz o requisito inteligência; em outras palavras não é necessário pensar ou interpretar; é apenas um jogo de sensações e percepções, sucessão de cenas, mais nada.

Meu objetivo não é falar na desgraça perpetrada, mas chamar a atenção de quem ler esta matéria para o que segue: o homem quem fez a Obra tinha um objetivo? Qual era o objetivo dele? Isto está se realizando hoje? Há leitores para o que ele fez?

Pois é. Às vezes ficamos como… “discos velhos”, a repetir… Se não há uma rede educacional Pública pra receber o jovem, pra poder dar uma formação sólida e definida e não fragmentada ou tão fragmentada… tal fato exige uma pergunta: isto serve a quem? Quem ganha com a ignorância e a falta de poder interpretar textos, orientações ou ordens profissionais? O quê se quer com isto?

As obras infantis do nosso autor não foram preparadas pra criação de zumbis, gente que aceita tudo sem pelo menos refletir. Uai! Como colocar isto na televisão que faz justamente o contrário?

Passeamos num santuário cultural, mas quem dá valor a uma coisa desta? Ouvi dizer que alguns pais e filhos ficam incomodados quando chegam ao Sítio e não encontram os personagens das histórias, alguns ficam até chateados; pois é, seus personagens moram no imaginário e estão lá por toda parte.

Quem vai num local como o Sítio pode se fartar na aura histórica e certamente entenderá onde o nosso autor encontrou os motivos pra boa parte de suas histórias adultas e infantis.

Ao passearmos pelo casarão, andarmos sob árvores centenárias, pisarmos sobre as pegados do Mestre Lobato, visitarmos a cachoeira, podemos ver muitas cenas, as mesmas cenas que impressionaram e se fizeram elementos de inspiração pra que ele produzisse tais livros.

Sua obra não tem tempo, é incomparável, porém não deve ser substituída. Certamente não pretende ser a única. De verdade ela valoriza o leitor fazendo que ele pense e seus miolos façam o que foram feitos pra fazer.

Ele nasceu no fim do século XIX, conviveu com os ranços da escravidão, do nascimento da república, teve berço na nobreza cafeeira, passou por uma revolução cultural importante e profunda, renunciou a carreira de promotor público, empreendeu numa área sempre difícil que é a de edição de livros (numa pátria que sempre leu pouco), enlouqueceu… quando disse que aqui havia petróleo e deixou louco quem não podia deixar que isso viesse a tona… parece que era teimoso, insistia em fazer literatura pra poucos leitores numa terra de analfabetos.

Pois é, acostumamos reconhecer os heróis de outros tempos e de outras partes do mundo com muita reverência e respeito que muitas vezes eles não merecem. Temos um herói nacional que foi esquecido enquanto cidadão e só é lembrado por aquilo que ele não escreveu e que se vê na televisão, onde sua participação foi ter inventado os personagens.

Façamos uma reflexão: brasileiro médio, qual é a imagem que você tem de Monteiro Lobato? Você sabe tudo que ele fez pela nossa pátria? Você sabe por que ele não fez mais? Você sabe pó rque ele teve de ser parado? Etc… pense por si próprio. Faça o que foi feito pra fazer. Faça o que Lobato esperava que você fizesse.

Enfim, você pode não fazer nada disso, pode simplesmente ligar a televisão e esquecer tudo isso, é uma escolha, mas se o fizer o faça consciente, por escolha, e não porque este assunto ficou chato.

Há quem ache que nossa pátria, a brasileira, precisa de uma revolução cultural, iluminada pela razão. Se esperarmos isto partindo do Estado, morreremos esperando. Isto tem de partir de patriotas, talvez nem tanto nacionalistas, mas simplesmente patriotas.

Minha pátria minha língua… vocês já leram isto?

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Para maiores informações acesse o site do VERDADEIRO SÍTIO DO PICA PAU AMARELO:

www.overdadeirositiodopicapau.com.br/index.php

Sítio do Pica Pau Amarelo – O Verdadeiro!
Sobre Elizabeth Souza 396 Artigos
Elizabeth de Souza é coordenadora e editora do Portal Entrementes....

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