Que tempos são estes?

 

Que tempos são estes?

 

“Livraria Cultura começa a ser esvaziada após falência”: Manchete recente do jornal O Estado de S. Paulo – caderno C2. Na capa uma foto com prateleiras vazias.
A decretação da falência da livraria foi um golpe na cultura, na disseminação do conhecimento e das artes. Em suas dependências, além de livros, comercializava-se outros produtos de conteúdo cultural, como DVDs e CDs.
Em recuperação judicial desde 2018, a empresa não aguentou o tranco. Em meio à crise na economia, ela não conseguiu honrar os compromissos assumidos judicialmente com seus credores.
Era muito prazeroso percorrer aquele enorme espaço no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, perder-se no meio de tantos títulos, capas e nomes grandiosos da literatura brasileira e universal.
Lembro-me do primeiro livro que ali comprei. Foi “O Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, obra inspiradora de Francis Ford Coppola na realização de seu filme “Apocalypse Now”, em 1979.
Bom programa na Cultura era folhear catálogos, livros – se possível comprá-los – , ser bem atendido e, por fim, saborear um capuccino na cafeteria.
Tudo começou nos anos 40, quando a judia-alemã Eva Herz teve a ideia de criar uma biblioteca circulante de livros, mais tarde transformando-a num gigante do comércio livreiro.
Ponto final de um sonho, deixando um profundo sentimento de perda nos frequentadores daquele espaço cultural.
Para completar essa triste notícia, bem próximo dali, na Rua Augusta, vai encerrar suas atividades o Espaço Itaú de Cinema. Era uma tradicional sala de cinema, com espaço de convivência, bombonnière, cafeteria. Ponto de convergência de cinéfilos à procura de filmes fora do massificante circuito comercial. Ali era possível assistir películas alternativas, experimentais, clássicos do melhor cinema europeu
Dia 16 de fevereiro será realizada a última sessão de cinema naquela sala. O prédio foi vendido e será demolido.
Que tempos são estes?

Por Gilberto Silos

 

Sobre Gilberto Silos 229 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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