Saideira – Paul Constantinides

O resto da cerveja contida na garrafa entornada, mal preenchera na altura da base do copo. O cidadão olhou firme nos olhos do parceiro que o acompanhava na bebedeira de 3ª feira, no balcão do bar, e proferiu:

            – Saideira?

            Sorriam enquanto o garçom dispunha a garrafa sobre o balcão, retirando com seu abridor amarrado a cintura, sua tampa metálica num zunindo espetacular:

 – Splot!

            Sorveram, beberam, falaram, a musica rondava o luar, o luar entrava no bar, o bar bárbaro dentro da noite civilizada, do ócio operante ante a sociedade, o luar.

Sorviam, bebiam, falavam, o mundo rodava, e a China acoplava, o Mundo açodava, o prefeito mandava, a cidade parada, o tudo e o nada, o passado aclamava, a musica tocava, sorviam, bebiam, falavam.

            O resto da cerveja contida na garrafa entornada, mal preenchera na altura da base do copo. O cidadão olhou firme nos olhos do parceiro que o acompanhava na bebedeira de 3ª feira, no balcão do bar, e proferiu:

            – Saideira?

            Sorriam enquanto o garçom dispunha a garrafa sobre o balcão, retirando com seu abridor amarrado a cintura, sua tampa metálica num zunindo espetacular:

 – Splot!

            Sorviam, bebiam e falavam. Na esquina do universo em verso, num canto do mundo omisso, no orifício do vácuo, no ante eterno espaço, conjugados, acomunados com os bares distantes, os estares delirantes, ante o ocaso do vício, do prazer existencial, do elixir sensorial, das entranhas da superficialidade, sorviam, bebiam e falavam, o pacto singelo da amizade, o pacto singelo da obrigatoriedade, o pacto singelo da sinceridade.

            O resto da cerveja contida na garrafa entornada, mal preenchera na altura da base do copo. O cidadão olhou firme nos olhos do parceiro que o acompanhava na bebedeira de 3ª feira, no balcão do bar, e proferiu:

            – Saideira?

Paul Constantinides

Atua na Literatura, Cinema, Foto e Música. Foi do grupo Mangarosa (79) com o almanaque Alienarte e o Jornal do Coro do Teatro Oficina. Foi do grupo Olho Magico (Fotografia) expos no Masp, MAM RJ e CC Vergueiro. Fotos no livro São Paulo Gigante e Intimista e no livreto do Festival do Começo do Fim do Mundo. Nos 90 dedicou-se a Arquitetura, foi diretor de Urbanismo da Prefeitura de Jacareí de 92 a 96, publicou o livro de poemas, Retomar, fez crônicas ao Jornal Valeparaibano de 96 a 2001. Mudou-se para os EUA em 2000, fez fotos da capa do álbum O Piano de Antônio Adolfo e fotografou o cenário musical brasileiro no sul da Flórida. No Brasil fez os Postais de Jacareí (2014), o audiovisual Fé Caipira (2015), fotos dos álbuns de Wallace Coleman (USA), Marcelo Naves e Danilo Simi, etc. Dirigiu os curtas Lítio e Registro Muau. Em 2017 organizou o MUAU, músicos autorais de Jacareí, dirigiu o 1º. Festival Muau de Jacareí (2019), em 2020 o 2º Muau de Jacareí, atualmente está organizando o 3º Muau. Tem músicas gravadas por Antônio Oviedo (Dotô Tonho), Eduardo Montagnari, Diogo Brown, entre outros. Desde 2017 forma a dupla Paul&Feijao com o álbum Um Blues Na Casa do Samba (2019).

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