Sertania Nordestina

Não  sabia quem iria  cantar. Só me lembro que com 10 anos de idade  fui, pela primeira vez, a um show ao vivo. Acompanhava meus pais no  principal clube da cidade. De repente, foi aquele susto. Entra no salão alguém malhando furiosamente a zabumba. Em seguida, outro rapaz aparece tocando o triângulo. Por fim, surge um homem muito simpático, de feições acabocladas, tocando uma sanfona.

Respeitável público ! Com vocês, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião !

Ao som de Asa  Branca começa espetáculo. Em seguida, Juazeiro, Respeita O Januário, Olha Pro Céu e outras canções memoráveis.

Nunca  esqueci aquele momento. Luiz Gonzaga ganhava um fã de carteirinha, fiel até hoje. Mas, para minha tristeza não ouço mais as rádios tocarem suas músicas, cantando as coisas, sons, cores, sabores e amores do nosso querido Nordeste. Cultura popular da melhor qualidade. Como faz falta num país cada vez mais inculto como o nosso!

Num dos últimos sábados tive uma agradável surpresa. Circulando pelo centro da cidade, como faço habitualmente nos finais de semana, ouvi um som que me pareceu familiar. Meus ouvidos me guiaram em direção à música. Fui dar na Praça Afonso Pena. Lá, como parte da Programação do Festivale-2018, Claudio do Vale apresentava o espetáculo Sertania Nordestina – As Léguas Tiranas de Luiz Gonzaga. Claudio, que é um artista admirável, numa bela interação com o público, contava e cantava a saga de Luiz Gonzaga desde Exú (PE) até a consagração definitiva no Rio de Janeiro.

Foi um  instante em que  viajei no tempo. Pareceu-me até muito vivo o susto que levei com o som da zabumba naquele dia de minha infância.

Que  Sertania Nordestina seja um grande sucesso ! Valeu Claudio !

Sobre Gilberto Silos 190 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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