Um encontro com ETs

UM ENCONTRO COM ETs

Por Gilberto Silos

Certa vez, passando de madrugada ao lado do cemitério, tive a experiência mais impactante de minha vida. Naquela rua escura e deserta fui abordado por duas figuras estranhíssimas. Corpos miúdos, cabeças grandes, olhos como que irradiando um facho de luz. Disseram-me que necessitavam de uma informação.
Meio aturdido com aquela visão, fiquei em dúvida se eram humanos ou se tudo não passava de uma alucinação momentânea. Eles, como que lendo meus pensamentos, já se adiantaram: – Não somos humanos. Viemos do planeta Vênus. Estamos estudando as condições atuais da Terra. Não se assuste que a nossa missão é de paz.
– E a nave que os trouxe até aqui ? Onde está ? – perguntei. – Deixamos a nave dentro do cemitério, por motivos óbvios. – Vocês imaginam que alguém lhes tentaria roubar a nave ? perguntei-lhes sarcasticamente. – Pelo pouco que já vimos não duvidamos não ! – Amigos, – não sei se posso chamá-los assim – percebo que a impressão que vocês têm dos terrestres não é nem um pouco lisonjeira – redargui.
– Qual o propósito desse estudo que estão realizando ? Posso saber ?
– Já estivemos envolvidos na evolução dos seres humanos – respondeu um deles. – Isso foi há muito tempo, coisa de milhões de anos atrás. Vocês, terrestres, tinham o corpo muito diferente. Nada parecido com o de hoje. Seu estado de consciência era quase que infantil. Estavam em processo de formação e o mesmo ocorria com o planeta. Vocês nos consideravam “mensageiros dos deuses” pela contribuição que lhes demos no uso da linguagem e na organização social.
– Bem…acho tudo meio fantasioso – contestei. – Mas, o que lhe contamos não é novidade. Esse conhecimento foi transmitido pelos grandes mestres da sabedoria ao longo do tempo e são relatados em várias obras de autores esotéricos.
Já ansioso por abreviar aquela conversa, perguntei-lhes em tom meio impaciente:
– Qual a opinião de vocês sobre o que aqui encontraram?

– O que nos causa perplexidade é essa capacidade surpreendente do ser humano de sobreviver em meio a tantos paradoxos, contradições e armadilhas que ele construiu para si mesmo.

– Vocês poderiam ser mais claros ? – perguntei-lhes meio irritado.
– Sim, – respondeu um deles – Vocês são predadores insaciáveis dos recursos finitos que têm para garantir-lhes a própria sobrevivência. Destroem em questão de minutos ou horas um patrimônio ambiental que a natureza demorou milhões de anos para formar. Utilizam esses recursos para fabricar objetos de consumo que irão descartar em pouco tempo, produzindo um lixo que lhes trará enormes problemas. Vocês poluem o ar que respiram, contaminam a água que bebem e o alimento que comem. Em nome de quê ? De um duvidoso conceito de progresso. De uma civilização, dita moderna, que torna o homem vítima de um sistema desumano e cruel ; escravo das máquinas que inventou, que acabam por roubar-lhe o emprego e o sentido da vida. Objetos que em vez de facilitar-lhe a comunicação interpessoal acabam por compartimentá-lo na solidão. O ser humano pensa em demasia e sente muito pouco, transformando a arte em bem de consumo como outro qualquer, justo ela que é a essência da vida espiritual. Fiquei atônito, sem poder contra-argumentar. Mas, não pararam por aí.
– Vocês humanos sequer sabem escolher seus governantes. Vocês são roubados e enganados de todas as formas possíveis e continuam a votar nas mesmas pessoas e nas mesmas ideias. ´Transformaram as eleições que deveriam ser democráticas e livres na arte de “colocar o bode na horta”.
Já me sentindo desconfortável com aquele discurso, voltei ao início da conversa: – Qual é mesmo a informação que vocês necessitam? – Percorremos o cemitério e lemos o epitáfio inscrito em cada túmulo. Ficou uma dúvida: afinal, onde é que vocês enterram os canalhas?
Saí rápido de cena.

Sobre Gilberto Silos 229 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*