Artistas Criativos

Artistas Criativos

Por Jorge Hata*

Nos anos 20 e 30 do século XX, os EUA viram nascer muitos artistas criativos. Nesse momento, todas as formas do gênero de aventuras (adventures strips) começaram a florescer, como a ficção científica, histórias fantásticas, expedições exóticas, policial, etc… e seus criadores são tidos até hoje como verdadeiros mestres dos quadrinhos. Winsor McCoy, por exemplo, já em 1.905, contava em Little Nemo in Slumberland, os sonhos intermináveis do garoto Nemo. Eram quadrinhos que já remetiam ao surrealismo, com um visual muito mais rico e criativo. Outra característica importante era a continuidade narrativa, base de toda trama de aventuras. Os sonhos do pequeno Nemo sempre começavam do ponto no qual haviam parado na história anterior, criando a ilusão de um sonho interminável. Em 1.928, personagens mais realistas, mas não menos criativos, começaram a surgir com a série de ficção científica, Buck Rogers, de Richard Calkins e um ano depois, com a adaptação do romance de Edgar R. Burroughs, Tarzan of the Apes, para as HQs, feita pelo grande desenhista Al Foster. O mote das aventuras nos quadrinhos não eram mais as piadas diárias, mas sim o suspense no final de uma história, algo que garantia o retorno do leitor para descobrir o que aconteceu com o seu herói. Esses aventureiros foram muito úteis para aliviar corações e mentes abalados com a Grande Depressão que atingia o mundo todo na época.
Nessa época, na Bélgica, um dos maiores heróis dos quadrinhos foi criado, TinTin (1.929), de Hergé (Georges Remi). As muitas aventuras internacionais de TinTin, encantaram o mundo com seu charme e heroísmo. Sempre acompanhado do seu fiel fox terrier Milou, o repórter tinha muitos amigos inesquecíveis, como os irmãos gêmeos detetives Dupont e Dupond, o general Alcazar, a cantora Bianca Castafiore, o bravo capitão Haddock, além do maldoso Rastapopoulos. Depois de Hergé, surgiu o termo “Escola de Bruxas”, graças ao artistas que influenciou.
Muitas outras obras vieram nos anos seguintes, como os ambientes exóticos e aventuras internacionais de Terry e os Piratas (Terry and the Pirates, 1.934), de Milton Caniff, o mágico Mandrake (1.934) e o misterioso Fantasma (The Phanton, 1.936), ambos criados por Lee Falk, as histórias policiais do Agente Secreto X-9 (Secret Agent X-9- 1934), roteirizadas pelo escritor Dashiel Hammel, o design futurísta de Flash Gordon (1.934) de Alex Raymond e o primeiro detetive dos quadrinhos, Dick Tracy (1,931), de Chester Gould. O desenhista Hal Foster realizou em 1.937, outra grande obra, Príncipe Valente (Prince Valiant). Com ilustrações belíssimas, rica pesquisa de época em história e paisagens, Foster criou uma das melhores histórias em quadrinhos sobre o período medieval. Sua saga de cavalaria também tinha um ótimo texto, não utilizando balões, mas apenas o rodapé. Um dos melhores autores do gênero de aventuras, vivo até hoje, é Will Eisner, criador de O Espírito (The Spirit, 1.940), um mascarado que não possuía superpoderes, contudo combatia o crime com os punhos e a inteligência. Eisner, renovou a linguagem dos quadrinhos. Nas imagens ele criou novas tomadas, fusões, cortes, ângulos diferentes, onomatopeias inusitadas e sabia trabalhar como poucos com as sombras. Nos textos era influenciado pelos escritores russos Gogol e Tchecov, ao demonstrar ironia, amargura, sutileza e humor. Mas a categoria que mais alcançou sucesso na história das HQs foi a dos super-heróis. Toda a cultura popular do globo foi afetada quando, em 1.938, o último sobrevivente do planeta Krypton apareceu na revista Action Comics.

*JORGE HATA

HISTORIADOR E COLUNISTA na HATA QUADRINHO

Taubaté, São Paulo, Brasil

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