Coadjuvantes da História – Episódio 3

 

Final da Copa de 50

Da trágica final da Copa de 1950 até 2000, ano de sua morte, o goleiro Moacyr Barbosa viveu o martírio de ser apontado como culpado da derrota da seleção brasileira contra o Uruguai – por conta de um suposto “frango” no gol marcado pelo ponta-direita Ghiggia, aos 23 do segundo tempo.

Barbosa, meu amor e minha vida

O meu anjo da guarda e o meu santo protetor estão me dizendo que você não vai ter trabalho nenhum no jogo de domingo. Também pudera, né mô? Com o ataque da seleção brasileira, vai ser difícil sobrar um restinho de fôlego para os uruguaios, quanto mais o atrevimento de tentar um chute a gol.

Eles não sabem contra quem estão jogando. Se soubessem da muralha que você é no gol, já teriam desistido de disputar a final. Voltariam todos a Montevidéu, cabisbaixos e rendidos, por entenderem que a seleção canarinho tem o gol fechado, meu lindo. Acho até que você podia aproveitar pra fazer da rede do gol uma rede daquelas de descanso, esticada de uma trave até a outra, para dormir tranquilo. Já pensou que humilhação pra aquela uruguaiada metida besta? Pode embalar gostoso, meu Barbosinha, e botar o despertador pra tocar depois de 90 minutos, porque jogo, pra valer mesmo, não vai ter não.

E as apostas? Falaram no rádio que a vitória do Uruguai sobre o Brasil vai pagar 250 pra 1. Não é pra menos, quem é louco de acreditar numa zebra dessa? Te esconjuro, eita…

Sabe que, lá na firma, já virou até piada: quando querem dizer que alguém é folgado, que leva a vida na moleza, falam que o sujeito trabalha menos do que o Barbosa.

Eu queria ir aí na concentração pra te dar um beijo e um benzimento no capricho, mas não deixam a gente entrar de jeito nenhum.

Falando em benzimento, lá no centro que eu frequento os guias mandaram te avisar que você vai entrar pra história, meu amor. Que nunca mais vão esquecer você. Já pensou? Meu Barbosa, meu herói!

Esta é uma obra de ficção

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