Entrementes na Corrida de São Silvestre 2015!

São Paulo – O queniano Stanley Kipleting Biwott campeão da 91ª Corrida Internacional de São Silvestre (Rovena Rosa/Agência Brasil)

91ª São Silvestre – 2015

Dia 31 de dezembro… dia de relaxar e acordar tarde? Não pra quem ama corridas de rua!  O último dia do ano é dia da Corrida Internacional de São Silvestre!

 

E como não poderia deixar de ser, lá estava eu, na madrugada do dia 31, rumando para São Paulo para fazer minha oitava participação na corrida mais famosa do Brasil! Desta vez foram 31 mil inscritos, fora os que participam sem inscrição mesmo, só pelo prazer de correr… acho que o número total de atletas deve beirar os 45 mil corredores. Ou seja, se tanta gente reunida numa corrida forma uma belíssima imagem para quem assiste a prova, para quem quer realmente correr, atrapalha um pouco, pois a prova é disputada quase que em sua totalidade com um enorme engarrafamento humano… então para se curtir a São Silvestre, é preciso um pensamento muito simples: ela não é bem uma corrida, ela é sim, uma festa aos que curtem correr! Esqueça preocupações com tempos ou recordes e desfrute de cada metro dos 15 quilômetros da prova paulistana…

O percurso do ano passado foi mantido, e foi uma decisão correta, pois ele é muito bom, mesmo sendo maior que os oficiais 15 Km… ele tem na verdade, 15450 metros. Mas o melhor foi a largada ser novamente utilizando as duas pistas da Paulista… antigamente, levávamos até meia hora (!) para conseguir passar pela largada, mas agora, mesmo saindo lá de trás, não se leva nem 10 minutos. Que essa forma de largada nunca seja mudada, é o que desejamos.
Havíamos chegado em Sampa com 21º C e “cara de chuva”… havia vento e estava até friozinho… será que pela primeira vez eu participaria de uma São Silvestre que não fosse sob calor? A previsão era de chuva mas… que nada!

A largada feminina foi pontualmente dada às 8h40, com muita vibração do público, que torcia muito para as duas únicas brasileiras que tinham chance contra as africanas… Joziane da Silva Cardoso e Sueli Pereira da Silva. Já a largada masculina foi dada britanicamente às 9h, já com 23º C e céu abrindo.
No início, a São Silvestre não é uma corrida e sim uma prova de caminhada (a não ser que você seja do Pelotão de Elite, claro)… é um verdadeiro mar de gente e é simplesmente impossível correr durante praticamente toda a parte da Paulista… no máximo, conseguimos trotar depois que passamos pela largada. Antigamente só em  dias de São Silvestre (ou de protestos) se podia ver a Avenida Paulista assim livre de carros e com as pessoas a pé tomando posse dela… mas agora vale lembrar que por uma iniciativa muito bacana da prefeitura paulistana, aos domingos a avenida é fechada por um período para os carros e vira um verdadeiro “calçadão” onde as pessoas andam de bicicleta, skate, patins ou simplesmente caminham por ali… ótima iniciativa!
Mas voltemos à prova. Depois da Paulista, temos uma curva para a esquerda, onde entramos na Avenida  Doutor Arnaldo e pouco depois curvamos para a direita, na Rua Maj. Natanael e seguimos em frente, passando pela Praça Charles Miller, onde fica o tradicionalíssimo Estádio do Pacaembu, até chegarmos na avenida de mesmo nome. Daí para frente, Memorial da América Latina, Viaduto Orlando Murgel… só para começar.
A temperatura já estava em 24º nessa hora. Enquanto nós pobres mortais íamos em nosso ritmo lento, na Elite Feminina a brasileira Sueli chegou a liderar a prova, mas na subida da Brigadeiro, a esperança se findou e a etíope Ymer Wude Ayalew , que fazia uma prova conservadora, resolveu mostrar a que veio, e assumiu a liderança. Os metros finais na Paulista foram mais do que emocionantes, com uma luta acirrada entre Ymer e uma queniana, Delvine Relin Meringor. No final, Ymer Wude Ayalew sagrou-se bicampeã da prova, chegando apenas 2 segundos à frente da vice-campeã Delvine Relin. Elas fecharam em 54min00 e 54min03, respectivamente. Em terceiro lugar chegou Failuna Abdi Matanga, da Tanzânia, que terminou a prova em 54min11. Logo atrás das africanas chegaram as brasileiras Sueli Pereira da Silva e Joziane da Silva Cardoso, nos honrosos 4º e 5º lugares. Elas finalizaram em ótimos 54min15 e 54min22, respectivamente.

Enquanto isso eu passava pela Avenida Rio Branco e não muito depois, nós amadores chegávamos ao mais poético cruzamento da cidade… o da Ipiranga com a São João! Pouco depois eu passei pelo meu ponto favorito na São Silvestre, que é quando passamos em frente à Galeria do Rock… não importa o cansaço que esteja, sempre grito a plenos pulmões ali, fazendo o horns up: Galeria do Rooock!!!
Um adendo é que pouco antes da São João eu comecei a conversar com um senhor que corria com uma boina do Che Guevara… o senhor Dom Castro (nome sugestivo…), que mesmo com mais de 55 anos e se tratando de uma enfermidade na medula óssea, estava lá, firme e forte na sua primeira São Silvestre, e vindo do Pará! Esse é um dos grandes prazeres dessa corrida tão especial… ter contato com pessoas de todo o Brasil, e inclusive de outros países. Senhor Castro… virei seu fã, espero que a gente se veja na corrida de 2016!
Falando agora da Elite Masculina, as esperanças brasileiras eram Giovani dos Santos, Solonei Silva e Dalto Fidencio… ops, errei, esqueçam esse terceiro nome aí, não sei de onde ele veio. A liderança ficava sempre alternando na primeira parte da prova, com Giovani e Solonei sempre colados no pelotão da frente. As trocas continuaram e só ficamos sabendo mesmo quem era o favorito no lugar que separa os homens dos meninos… a desafiadora subida da Brigadeiro, claro! O queniano Stanley Kipleting Biwott, atual campeão da Maratona de Nova York, assumiu a ponta para não mais perdê-la, fechando a prova com o excepcional tempo de 44min31. Ele já havia vencido a Maratona de São Paulo em 2010, e agora se sagrava definitivamente o rei das ruas da Terra da Garoa. O segundo lugar ficou com o atleta etíope Leul Gebresilase Aleme, que fez o tempo de 44min34, numa chegada tão disputada e emocionante como a feminina. Outro queniano fechou em terceiro, Feyisa Lilesa, com 44min38. Giovani dos Santos mais uma vez foi o melhor atleta brasileiro, chegando na quinta colocação, com 44min58.

 

Voltando ao poeta-atleta… passei pelo Largo do Paissandu, o sublime Teatro Municipal, a Praça Ramos de Azevedo, peguei a Líbero Badaró, passei pelo Largo São Francisco e lá estava ela… a Brigadeiro Luís Antônio, com sua famosa subida de 2 quilômetros, “morro acima”!
Peguei meus 2 últimos copos d’água no Posto de Hidratação que existe no começo da Brigadeiro (existe outro no final dela, mas acho desnecessário pegar mais água ali quando a prova já está para terminar) e até acelerei um pouco na primeira parte, pois gosto de subidas e tinha bastante fôlego ainda, por ter feito uma prova sem me preocupar com o tempo. Na metade dela as pernas reclamaram  e voltei a um ritmo mais moderado, para não ter nenhuma surpresa desagradável no final.
Chegar no topo do Everest, ops, da Brigadeiro é uma sensação única! Dobrar em seguida para a direita e pegar a Paulista, correndo os últimos metros até a altura do número 900, onde fica o prédio da Gazeta é emocionante, impactante. Todo o esforço dos treinamentos é recompensado naqueles segundos… e por incrível que pareça, já começamos a sentir saudades da prova! Ainda bem que um ano depois sempre tem mais…
Com uma temperatura de 25º C, a missão foi cumprida! Prova finalizada, medalha (lindíssima por sinal) no peito, era hora de voltar para casa. Feliz daquele que corre a São Silvestre, pois poucos são os privilegiados que podem ter um final de ano tão marcante e realizador!
Conectando ideias, conectando corridas de rua!

Corrida Internacional de São Silvestre 2015
Colocação Final

Masculino
1. Stanley Biwott (Quênia) – 44min31s
2. Leul Gebresilase (Etiópia) – 44min34s
3. Feyisa Lilesa (Etiópia) – 44min38s
4. Edwin Kipsang (Quênia) – 44min41s
5. Giovani dos Santos (Brasil) – 44min58s

Feminino
1. Ymer Wude Ayalew (Etiópia) – 54min00s
2. Delvine Relin (Quênia) – 54min03s
3. Failuna Matanga (Tanzânia) – 54min11s
4. Sueli Pereira (Brasil) – 54min15s
5. Joziane Cardoso (Brasil) – 54min22s

Cadeirante Masculino
Heitor Mariano dos Santos (Brasil) – 49min53s

Cadeirante Feminino
Aline dos Santos Rocha (Brasil) – 51min46s

DALTO FIDENCIO 
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