Eu não sei fazer crônica

vintage writing hand engraved style

 

EU NÃO SEI FAZER CRÔNICA!

 

Caramba, mais um dia sentado diante do teclado, esperando inspiração para uma crônica e nada! Pois a triste verdade é que… eu não sei fazer crônica!
Sou poeta, contista, crítico e principalmente… amante do caos! E pra fazer crônica tem regras demais. Mas é verdade que para escrever sonetos tem muito mais e eu os faço sem problemas… temos aqui um dilema então… seria porque a Poesia faz parte de minha alma?  Ou mesmo preguiça, pra eu ter tempo de caçar Pokémons? Sei lá, pode ser.
Foco Dalto, foco! Por falar em regras, fique atento a elas, pois são suas aliadas, e não inimigas nesse processo de parir uma crônica. Deixa eu ver… deu um texto curto, entre quatrocentas e quinhentas palavras? Mas como vou saber isso, se não consegui escrever nada? Pelo menos curto o texto é, já que tem zero palavras até agora.

E a segunda regra, será que por ela meu texto está certo, pelo menos? Deixa eu ver aqui se é narrado na primeira pessoa do singular… que nada! Todo rascunho é a mesma coisa: começo na primeira pessoa e quando percebo estou tagarelando na terceira pessoa, falando mal dos outros! Eu que sou o mais azedo dos homens, como vou conseguir escrever sem meter o pau em algo ou alguém? Não dá meu amigo, simplesmente não dá! Fora que não tenho o ego inflado para ficar falando “eu”, “eu” “eu” toda hora… a timidez, e principalmente minha modéstia, não permitem que eu fique falando só de mim. Sem contar que é perigoso ficar falando só na primeira pessoa, vai que entrego algum podre que sempre ficou guardado no fundo do baú? Não tenho esqueletos no armário, mas uns “podrinhos” no baú, não nego não!
Bem, vamos ver a terceira regrinha: estou falando sobre um assunto corriqueiro? Bem, eu não saber escrever crônicas não é um assunto tão corriqueiro assim, pois antes eu não sabia que não sabia! Mas como a partir de agora estou ciente dessa triste verdade, será que conta como corriqueiro? Pode ser, não é? Tem lógica, admitam!

Olhando a próxima regra… tem linguagem coloquial e seu tom é confessional? Essa tal palavra é engraçada: “coloquial”. Sei que significa “popular”, “usada no cotidiano”, mas por que diabos inventaram uma palavra difícil dessas pra significar algo simples? O pobre coitado do leitor tem que pegar um dicionário para descobrir que a palavra formal que ele desconhece significa algo informal! Tinha que ser português mesmo para inventar um negócio desses.  Bem, como nem consegui iniciar minha crônica, não estou usando nem linguagens formais ou informais, estou é usando a linguagem do papel em branco.
O meu tom seria confessional? Bem, sei lá, mas pelo menos eu confesso que não sei fazer crônica! Isso tem que contar pontos a meu favor, pelo menos isso.
E finalmente chegamos à última regrinha: é carregado de lirismo ou irreverência? Lirismo, coitado, nem cheguei perto, mas irreverência… uma página em branco poderia ser vista como irreverente, não é? Igual aquelas artes modernas que parecem um monte de tranqueira amontoada, ninguém entende nada mas valem milhões. Uma não-crônica deve ter algo de irreverente nela, em algum lugar escondido.
Bem, é isso meus amigos… abraço minha incompetência e finalizo aqui minha envergonhada confissão de que… eu não sei fazer crônica!

DALTO FIDENCIO
nils satis nisi optimum

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