Negro Amor, Jardim do Luto.

Foto de Sofia Calabria. Plantas medicinais plantadas sobre um corpo, o que isso pode cultivar? Esse foi Jardim do Luto, com a artista Teresa Siewerdt. Coberta de terra, ela se deixou plantar pelo nosso público, em uma bonita e sensorial performance.

 

Negro Amor, Jardim do Luto #TBT

Caetano, Gal e Bob Dylan? NEGRO AMOR. Que combinação! Agora, imaginem Catarina Cristal lá nas ruas do Rio de Janeiro, em frente ao Copacabana Palace, cantando esta canção. Bob se faz Dylan, ouvido no português, nossa mãe língua, traduzida por Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti. Que achado! Nada como ouvir nesta voz incandescente de Gal Costa. Será que projeto Dylan de São José dos Encantos, canta esta canção? Dylan em Português, aqui do Brasil, dos poetas Caetano e Péricles.
Sexta – feira mágica em São José dos Campos, o Sesc fervia com performance. Uma mulher em meio a terra, uma banda iniciando suas canções, os salões lotados e por que não espaços como estes nas periferias da cidade? Arte que nos faz explodir, consola e nos transforma. Contava minha desventura nas artes para um amigo na Padaria Pão de Queijo. É verão, tardes suadas, cansadas e a noite explode em paixões, Dylan, Caetano, Edu Planchez na voz de Catarina Crystal, vida “e cadê os alquimistas?”. A palavra, a canção que nos incendeia, Bob Dylan, Mario Quintana, que no soprar da madrugada me diz: Aprende a escrever Sonetos. Eu canto os encantos destes poetas, Marcio Greyk e as vozes de Gal, Elis e Catarina Cristal, de CURITIBA para o mundo. A vida se faz nos acasos das chuvas de verão, na voz profética de Bob Dylan, poeta incandescente. E Caetano Veloso é paixão incendiária nestes Trópicos. Estamos ai em nossas decadências, quase nunca indecências. Brasis de índios quase sendo massacrados em suas reservas.

Eu extraterrestre, me encanto no canto de minha cela na noite que se foi. Cães esfaqueados em restaurantes, vamos ouvir as Canções de Dylan, Edu Planchez na voz de Catarina Crystal. Desço as ladeiras de Minas, Rio, danço no Oceano Atlântico. Mergulhamos dentro de nós em busca de nossa pátria “minha pátria é minha língua”, nos diz Caetano. Quero mergulhar em performances e instalações.
Salvemos os córregos, salvemos o Rio Paraíba do Sul e seus afluentes. A cidade é nossa nestes dias de chuvas de verão, noites insanas de verão. E o amor se faz amar em todas as suas formas e desejos, corpos se amam, se fazem incandescentes nestes trópicos. “QUALQUER MANEIRA DE AMOR VALE A PENA”…E ai Bete Bino “cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é”. Que a malicia nos encante nestes trópicos insólitos. E o amor nos una nas ruas.

Joka Faria
João Carlos Faria

Sábado, 19 de Janeiro de 2019

NEGRO AMOR

Composição: Bob Dylan Versão: Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti

Vá, se mande, junte tudo Que puder levar Ande, tudo que parece seu É bom que agarre já Seu filho feio e louco ficou só Chorando, feito fogo, à luz do sol Os alquimistas já estão no corredor E não tem mais nada, negro amor A estrada é pra você E o jogo é a indecência Junte tudo que você conseguiu Por coincidência E o pintor de rua, que anda só Desenha maluquice em seu lençol Sob seus pés, o céu também rachou E não tem mais nada, negro amor Seus marinheiros mareados Abandonam o mar Seus guerreiros desarmados Não vão mais lutar Seu namorado já vai dando o fora Levando os cobertores, e agora? Até o tapete, sem você, voou E não tem mais nada, negro amor As pedras do caminho Deixe pra trás Esqueça os mortos, eles não levantam mais O vagabundo esmola pela rua Vestindo a mesma roupa que foi sua Risque outro fósforo, outra vida Outra luz, outra cor E não tem mais nada, negro amor E não tem mais nada, negro amor Negro amor.

Negro Amor

2 Comentários

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*